10.11.05

Inácio Mentira – Parte I: o início

Há quem diga que ele é um mito, uma lenda. Há quem jure que tudo foi inventado, que ninguém teria uma mente tão inventiva e inebriante daquelas. Eu, como narrador, devo apenas repassar as histórias tal qual ocorreram, ou como dizem que ocorreram... quem sabe?

Apesar de possuir uma estatura digna dos gigantes da NBA, Inácio não conseguira se firmar em nenhum dos times de basquete das redondezas. Chegara a treinar como reserva em alguns deles, principalmente nos das escolas onde estudava. Cursou até a quinta série ginasial e, pelo que me consta nunca havia sequer ligado um computador, fato que causou estranheza nas situações que veremos mais adiante... por hora, relato que, apesar da pouca formação acadêmica, Inácio falava com destreza, utilizando um linguajar complexo e assustadoramente correto. Dizem que adquiriu essa desenvoltura por assistir muita TV e manter o hábito da leitura de jornais e revistas, especialmente nos assuntos sobre tecnologia e política, por isso, quando em conversas com os amigos, sempre estava atualizado, bem informado e com opinião formada sobre a maioria dos assuntos que surgiam.

Quando adolescentes, todos temos figuras ou heróis em quem nos inspiramos ou que nos identificamos. Lembro-me que alguns dos nossos amigos gostavam de jeito durão, descomprometido e de quem não leva desaforo pra casa de Wolverine (Marvel 1992), outros, como eu, apreciavam a coragem e o talento de Senna quando representava o país, que ainda hoje queremos vencedor, nas manhãs de domingo. Já Inácio, enaltecia um personagem de novela chamado Vidal, interpretado por Carlos Vereza, cujo o maior talento era ser mentor do galã da trama, onde arquitetava e implementava os planos mais mentirosos e anti-éticos que se possa imaginar. Costumava bradar em bom som:

– “Vidal é o meu ídolo”.

Depois de aplicar alguns pequenos golpes contra seus próprios amigos, tais como a obtenção de uma caixa de chocolate ou a isenção do pagamento de algumas contas de bar, entre outros, as mentiras, até então aturadas e até acobertadas por alguns colegas que sentiam pena, começaram a ficar preocupantes. Inácio, a esta altura já devia a quase toda a turma e as desculpas já estavam ficando escassas, visto que ele usava algumas delas para dois ou três amigos ao mesmo tempo.

Os problemas começaram pra valer, ou seja, as mentiras começaram a virar coisa de profissional, quando em um dos muitos carnavais que passávamos em grupo nas ladeiras de Olinda, ele nos apresentou sua namorada...

continua...

Um comentário:

Ban disse...

curiosa...