28.11.06

Meia volta: Volver!


A convite de uma amiga, assisti ao filme Volver, de Almodóvar. Não! Não fui com ela. É uma amiga virtual, mora em Porto Alegre e nos conhecemos através do universo blogueiro. Mas o convite, a dica e a crítica me interessaram. Talvez, quando as passagens ficarem mais baratas a gente marque um happy hour no cinema.

O filme é bom, muito bom, como devem ser todos do “mestre”, confesso que não Assisti a muitos. A fotografia impecável,e o roteiro contundente e simples. Previsível, sim, mas sem tirar o mérito da abordagem humanista e, principalmente, da questão mulher-sociedade. Bem, não sou crítico de arte, não tenho tais pretensões, e não quero estragar cineminha de ninguém, antecipando o que se passa na película. Atenho-me a duas cenas, logo no início, que não influem para o desenrolar da trama, e que passariam desapercebidas em uma sociedade desprovida de preconceitos e nóias cotidianas, mas que retratam muito da dimensão interpessoal abordada:

A amiga de Penélope Cruz, puxa um saquinho de dentro de uma caixa de bijuterias e arma o maior baseado, na frente da sua irmã e de sua filha. Há um comentário sobre exemplos e... só. Não há espanto, rancor, apreensão, ou quaisquer tipos de discriminação porque a mulher dá uns “tapinhas na erva”, de vez em quando (ou em sempre, não sei).

Em outra passagem, bem próxima por sinal, passam mãe e filha por uma amiga prostituta, e a cumprimentam. “Que fosse” um filme no Brasil, na cidade grande mesmo, a mãe taparia os olhos da filha, ou a encheria de conselhos e de recomendações para evitar contato com “esse tipo de gente”. Pois bem, o agir correto é demonstrado com perfeição pela protagonista. O tratamento é, e deve ser, o mesmo destinado a pessoas que tenham outra profissão qualquer: médicas, juízas, jardineiras, advogadas (com algumas ressalvas para os machos dessa última espécie), exceto políticos lógico, nesses, não se pode confiar, mesmo!

No mais, o filme é apaixonante, forte e envolvente. Nos faz pensar sobre os nossos problemas e nos dos outros também, tirando um pouco a idéia inerente ao ser, de que cada um é uma ilha, e que as águas ao nosso redor não banham as costas dos próximos, ou seja, como diria minha prima: “ema, ema, ema... cada um com seus problemas”.

P.S.: “Que” eu fosse você, iria ver...

22.11.06

Baixaria

Comprei um contra baixo e comecei a aprender, portanto, desculpem as falhas...

Recado (Maria Rita)

P.S.: sambinha é o que há pra tocar baixo!!!

17.11.06

Ó dia...


Não sei se já aconteceu com vocês? Na última terça-feira eu tive a nítida impressão que o mundo estava conspirando contra mim. Não apenas as pessoas: o tempo, a saudade, os objetos e os animais também. Todos me odiavam, desde pequenos. Era como se uma premonição acontecesse a cada minuto e tornasse tudo suspeito.

Atrasei-me porque o despertador não tocou. Saí numa pressa só. Quando já tava na metade do caminho pra buscar os meninos e levá-los pra escola, notei que havia esquecido a carteira, que não estava colada no pescoço, motivo pelo qual eu não esqueço a cabeça! Voltei... ralei o pára-choque do carro no portão do prédio. Subi puto xingando o elevador que demorava. Parece que ele entendeu o xingamento. Quebrou! Comigo dentro! Foi uma daquelas quebras que a porta abre e o cara só vê concreto e uma pequena abertura, que dá pra sair se espremendo, me espremi.

Com as crianças? Tudo bem. Como sempre. Mas quando estava indo pro trabalho... (sou funcionário público em meio expediente, alguém tem que ser, né? Além do mais, não é tão ruim assim, pelo menos o leitinho das crianças tá garantido) ... aconteceu um indício do que me aguardava: meu carro foi confundido com um carro roubado. Quando parei em um sinal de trânsito fui fechado por uma Blazer e duas motos do batalhão da polícia. Os “omi” já desceram com as 12” apontadas pra mim... “torei um pino”, pensei: “vou levar bala porque o vidro é escuro”! Depois do susto e de abaixar a janela, mostrei o documento e os caras me liberaram.

Quando chego ao estacionamento em frente ao Teatro de Santa Isabel, destinado aos funcionários do Ministério Público, não há vaga, ou melhor, as vagas estão ocupadas, também, por carros que não têm o adesivo obrigatório. Comentei com um guarda, que estava à sombra, que alguns veículos não possuíam tal identificação, portanto não deveriam estar ali, e ele disse:

– Não “senhor” (apesar de eu ser mais jovem que o cara, ele me chamou assim)! Esses carros são do MP sim!!! Agora o “senhor” (de novo) está todo errado, dizendo o que não sabe, pois o motorista se identificou, e eu deixei ele estacionar.
– Então VOCÊ vai ficar o dia todo aqui?
– Não senhor, daqui a pouco vou fazer uma ronda. Mas isso não vem ao caso! Eu já autorizei esses motoristas.
– Então me responda, “seu guarda”: VOCÊ acha que um outro guarda, que passe por aqui, não irá multar um carro sem adesivo, onde é obrigatório seu uso? VOCÊ não acha que está prejudicando esse servidor que não tem identificação em vez de ajudá-lo?
– Não estou prejudicando, não! Porque eu não multo quem estaciona aqui, e ninguém vai multar também e VOCÊ (aprendeu) não é o primeiro que reclama.

Despedi-me do “oficial” e fui estacionar do outro lado da ponte, indignado. Tive medo de perder minha serenidade.


Quanto ao guarda não multar ninguém: eu descobri que ele recebe um percentual (toco, propina, mocó) dos flanelinhas que “guardam” os carros, que deveriam estar do outro lado da rua, no nosso estacionamento. Quanto ao carro roubado, era sim igual ao meu, mas foi encontrado abandonado e sem som em Olinda. O elevador foi consertado e o usei no mesmo dia, à noite. Troquei as pilhas do despertador.

P.S.: quase tudo resolvido. Só a saudade não passa.

8.11.06

Da carne ao dancing


Quebrar a barreira do som é fácil. Qualquer um que tenha acesso a um jato supersônico pode fazer isso sem muito esforço, basta ultrapassar 1.224 Km/h, aproximadamente, e pronto! É uma questão física. Não sentimental, ou comportamental, para ser preciso. Difícil mesmo é quebrar a barreira do silêncio. Desconfortável é estar em um local onde nunca se esteve antes, com gente que nunca vimos e, ainda assim, ultrapassar os limites da timidez.

Após um churrasco que durou o dia todo, regado a vodca e Sapupara (em que nível chegamos?), e uma parada na praça de Casa Forte (Recife) pra dar uma olhada no show da Fim de Feira, resolvemos, eu, Roberto e Sávio, meu primo, dar uma passada em um barzinho desses badalados. Esses lugares onde tem muita mulher bonita, ou melhor, só tem mulher bonita.

Estávamos como no churrasco: tênis, bermuda, camisa e boné. Até então não havia percebido que as pessoas naquele ambiente pareciam recém chegadas de um casamento, tal a “beca” exibida. Os porteiros não nos proibiram de entrar usando aqueles trajes (claro! Pagamos o ingresso, né?). Quem estava tocando era Geraldinho Lins. Não é que o cara tem música gravada por tudo que é cantor famoso... um dia ele ainda vai fazer sucesso em todo Brasil.

Logo na chegada fomos pegar um uísque pra manter o nível em que aquela barreira supra citada, fica translúcida, e na seqüência a vimos: alta (maior que eu, o salto ajudou), morena, cheirosa (fato só constatado depois) e arrumada. Pensei que nunca algum de nós iria conseguir dançar com ela, devidos ao estado maltrapilho que nos encontrávamos (tinha gente até de terno).

Pra mim foi uma pena que Roberto tivesse me dito que iria chamá-la... minha intenção era exatamente esta, mas, em respeito ao seu pronunciamento antes do meu, fiquei apenas observando, como sempre... pra minha surpresa e de Sávio, Bob conseguiu dançar com a deusa, e mais que isso, aparentemente estavam conversando... e mais! Ao final da noite ele conseguiu até seu número.

Esse episódio nos encheu de coragem. Não parei de dançar o resto da noite, ou melhor, madrugada. Foi uma boa farra, dispendiosa (“doze conto” a dose de uísque), mas valeu como experiência. A semana que se seguiu foi difícil pra Bob. Aflição e incerteza na espera da coragem pra fazer a tal ligação: o que dizer? O encorajamos muito, mas sem o subterfúgio alcoólico não deu para Roberto keep walking...

P.S.: até hoje ele passa horas falando sobre o cheiro dela.

1.11.06

Histórias que começam bem também acabam


Horácio (sim, ele tem nome de estória em quadrinhos), não entendeu nada quando Keyla (sim, ela tem nome de cantora de brega) pediu o divórcio. Afinal, eles já estavam casados há quase 16 anos, tinham três filhos e uma vida estável. Além do mais, apesar do tempo de casados, ainda eram jovens (38 e 35), bonitos e intelectuais de direita. Ele, advogado, mais na frente conto um caso que retrata sua personalidade. Ela, química, mas já estava sem emprego há alguns anos.

Onde eu entro nesse conto? Não sei bem porquê, mas Keyla “cismou das pregas”, ou fez bamborim com os nomes dos amigos, e o meu deu “na cabeça”, que eu era bom pra dar conselhos. Talvez por ser experiente nessa história de separação, ou sei lá o quê? Marcamos um almoço (sushi) e falamos sobre as intenções dela de mudar de ares e, quem sabe, até de cidade.

Bom, o lance com Horácio foi o seguinte: estávamos em um restaurante no Centro do Recife, e na hora de pagar a conta, a moça do caixa deu o troco a ele, foram algumas moedas e um bombom, desses do tipo Xaxá... pois bem, o cara, todo vestido de advogado, respondeu pra coitada, com o “tato” comum à classe:

− Não cidadã! Não quero esse bombom, prefiro os cinco centavos de troco.

E a moça respondeu com toda a paciência do mundo.

− O bombom é cortesia senhor.

Horácio procurou, literalmente, um buraco no chão pra se enfiar, e os amigos, inclusive eu e Keyla, passaram o resto da tarde rindo sem parar. Até aí tudo bem, pois esse traço de personalidade do cara já era conhecido, e sua esposa (ou ex-esposa) até achava graça dos seus foras.

O problema, segundo a própria, foi que o “balde transbordou”. A última gota fez com que o que antes era engraçado, se tornasse insuportável e o racha na relação foi inevitável. A princípio tive um pouco de pena. Por ele, pelos filhos, pela sociedade... mas depois, comecei a achar que a vida para aquelas pessoas ainda não havia chegado à metade, e que passar mais cinco ou dez anos infelizes não iria enriquecê-los. Se têm que se separar, o façam, e o façam com cordialidade e respeito, principalmente com as crianças.

Estarei sempre por perto quando qualquer um dos dois quiser conversar. E continuarei a ter meus almoços com Keyla e Horácio, torço por eles, mas agora de forma individual. Tenho certeza de que a felicidade, que por hora se esconde nas entrelinhas da fase de transição (divórcio), virá “dicunforça” para ambos, meus amigos.

P.S.: pronto! Mais um pra alugar casa no Carnaval 2007!