31.8.06

Briga pra responder ao Ibope


Outro dia, passando pelo centro da cidade, percebi uma aglomeração junto de umas jovens em uma van de um instituto de pesquisa. Até aí tudo bem, pesquisas são feitas a todo instante, a curiosidade foi despertada pelo fato de só haver mulheres na fila, e uma euforia diferentemente intrigante naqueles semblantes. Descobri o que se passava. À frente do veículo, havia uma placa que dizia: “I Pesquisa de Ex-mulheres. Queremos saber o que vocês desejam para os seus ex”.

Parecia que estavam distribuindo dinheiro, a fila não parava de aumentar. Era tanta mulher (ou ex-mulher) querendo fazer parte da estatística, que a certa altura já estavam distribuindo a ficha de perguntas jogando-a para o alto. Foi num desses descuidos que eu consegui “surrupiar” uma. Admito, fiquei curioso em saber como o universo feminino pensa em questões de dissoluções matrimoniais, inclusive, por interesse próprio.

A questão que me chamou mais a atenção foi a 23:

Como você gostaria de encontrar seu ex-marido após 01 (um) ano do divórcio?

a) Na miséria;
b) Na miséria, sem dinheiro para a pensão, sendo assim você o jogaria na cadeia;
c) Na miséria, na cadeia e cego, mas sem cachorro;
d) Na miséria, e levando “gaia”;
e) Todas as alternativas acima, acrescentando-se uma virose por semana.

Fui me esgueirando pelos cantos, bisbilhotando as respostas, e nem preciso dizer qual alternativa era a mais assinalada pelas mulheres que sentavam nos banquinhos da praça. É incrível como 99% das respostas eram a ‘(e)’ (havia uma que marcou ‘(d)’, enganada, e não tinha Erroex).

Sei que nós, homens, não somos, como direi: poços de confiabilidade e de dignidade, mas e os bons momentos? Os filhos, e as experiências de vida que estão incrustadas no nosso ser? A amizade e a cumplicidade que deveriam existir, mesmo em um caso de separação?

“Deixa para lá...” Espero que essa amargura não se estenda ao meu redor: nem pra mim, nem pros meus familiares e amigos que estão na mesma situação. De verdade, desejo que essas fissões sejam resolvidas com cordialidade, amizade e que as disputas maiores não incorram em desafeto, principalmente por causa dos filhos.


P.S.: por enquanto tá tudo bem por aqui.

24.8.06

A retomada das investidas de Glauber Calazans - Final


Glauber aceitou o convite de Clarice e, às 19 horas já a esperava em frente ao seu prédio. Atitude virtuosa pra uns e um defeito grave pra outros: pontualidade. Às vezes, quando marcamos uma determinada hora com alguém, torcemos pra que haja um relativo atraso da pessoa em questão, para dar tempo pro nosso próprio atraso. Aconteceu isso mesmo com Clarice. Às 19:35, quando ela desceu, Glauber já estava quase dormindo no carro.

- Desculpe o atraso?
- Não por isso, sempre me disseram que meu tempo estava em desacordo com o de todos os outros seres.
- Mas no nosso primeiro encontro a sós, eu queria que desse tudo certo.
- Está dando tudo certo... estamos aqui, não é?

Chegando no sushi, os horizontes se abriram. O antes retraído Glauber estava falante e estranhamente extrovertido. Clarice quase não acreditava no que via e perguntou o que acontecera para aquela repentina mudança? Ele respondeu sorrindo e convicto em uma palavra: liberdade!

De madrugada, quando chegou da noitada anterior (balada não era um termo usado por Glauber), refletiu profundamente sobre sua situação... e que situação? Separado, pai de uma garotinha linda, funcionário de uma agência de publicidade, as contas em dia, e triste! Profundamente triste. Essa era a única descrição que ele queria, de verdade, excluir da lista citada. E, Clarice, parecia ser a pessoa certa para este recomeço. Não que se interessasse pela primeira mulher que aparecesse em sua frente, mas algo em seu jeito lhe chamou muita atenção.

O clima estava propício para a conversa, como o sistema no restaurante era rodízio, o tempo sobrava para conversar e rir. Dica: se você tem segundas intenções em relação a alguém, vá comer sushi. Come-se bem, não é caro, e não nos deixa empanzinados, como quem come massas ou carnes. E as segundas intenções, logicamente, já faziam parte do pensamento do casal, desde a outra noite...

Manhã chegando, Glauber acorda em seu quarto, sol na cara. Ao seu lado, Clarice. Ela dorme com as duas mãos embaixo do rosto. Nada de estresse, nada de pressa, nada de coisa alguma, ele a olha e só... como que imaginando que esse seria o seu acordar de toda a eternidade. Gostou disso.

23.8.06

Praias e viagens

Essa história de vida com estrada que só tem praia e cachoeiras deve ser utopia...
por enquanto, vai mais uma música!

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21.8.06

Atendendo Laurinha ...


Que a violência anda descomunal, todos sabem. Mas ações de gente como Laura, que são minoria da população, deixam claro que enquanto existir voz, os verdadeiros responsáveis (políticos) pelas mazelas do país irão ouvir protestos de quem não os engole...

Minha amiga blogueira organizou um movimento contra a violência, que visa disseminar pontos de vistas e/ou protestos dos que movimentam esse mundo cibernético.

Lá vou eu...

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Mini-conto de aflição

Trânsito lento corriqueiro e infernal de sexta às 18:30. Notei a intenção da abordagem, já havia ouvido que aquela área perto da Marinha estava “minada”. Acelerei, sem sucesso...
38 na janela, eram dois pivetes, tão novos e já armados, não havia futuro nos seus olhares.

- Passa o relógio, o celular e a carteira.

Obedece quem tem juízo. Apesar do pouco que tenho, obedeci. O celular era semi-novo, a carteira não tinha muita grana, educados, os treteiros devolveram os documentos. As maiores perdas foram o relógio, e o sossego. No final, “tudo” bem, a vida foi preservada. Aquela mesma vida que passou em minutos ante meus olhos, no breve instante entre a aceleração e a tremedeira.

Os pivetes deram as costas e caminharam normalmente, como se não precisassem de pressa para o próximo assalto. Liguei, dez segundos depois, ainda no local, do meu outro celular para a polícia...

- Acabo de ser assaltado no bairro de Santo Amaro, ainda estou vendo os ladrões, vocês podem mandar uma viatura? (Coletou meus dados, minha descrição dos larápios e do roubo, minha paciência).
- A viatura segue em instantes, senhor.

Meia hora depois eu ligo para saber notícias:

- Dentro de instantes a viatura chegará no local senhor.

Uma hora depois...

- Não foi encontrado ninguém condizente com a descrição, senhor.

Duas semanas sem passar por aquele caminho, mas agora já voltei a fazê-lo. Espero que não aconteça de novo, e que eu não tenha que ligar pra polícia.


P.S.: O assalto aconteceu, a raiva existiu, o medo, principalmente o de morrer, foi grande... podemos rezar para não acontecer de novo e escrever protestos atônitos, enquanto quem manda no país não se preocupa... eles têm seguranças e blindagens no entorno.

16.8.06

Mais música...

Enquanto a busca pela estrela continua, sigo gravando umas canções:

- 2º Sol

15.8.06

A retomada das investidas de Glauber Calazans


Glauber saiu de casa sem muitas pretensões, afinal o estado de recém-separado ainda não lhe era confortável o bastante para se enveredar em busca de uma nova paixão! Só queria sair com os amigos e espairecer um pouco. Marcinho e André o chamaram para ir a um pub novo, desses que têm armadura de templário num canto, escudos nas paredes e um salão com jogo de dardos. Chegaram lá às dez e meia. A indicação foi de André, já que na semana passada tinha se dado muito bem com uma loira falsa na mesma casa. No caso dos dois amigos, nada de excepcional. Eram solteiros e não tinham filhos, mas Glauber tinha um problema sério nas novas conversas com futuras pretendentes: nunca mentia.

As circunstâncias matemáticas favoreceram a paquera dos “cavaleiros”, naquela noite. Duas mesas depois da deles, havia três mulheres aparentando a idade que realmente tinham, entre 30 e 35 anos, e o que é melhor: “dando mole”. Marcinho, mais desenrolado, propôs logo uma abordagem direta, perguntando se poderiam sentar com elas. Glauber nem acreditou, mas as moças toparam, agora devia ser assim a abordagem típica dos adultos. Na “sua época” não era tão fácil... bom, é melhor se adaptar.

Como as três pareciam irmãs ou primas, tal a semelhança física existente, os pares que foram formados aleatoriamente, não deixaram ninguém com a sensação de “perda na negociação”. Em menos de dez minutos, os dois amigos de Glauber já estavam beijando as garotas, enquanto o mesmo só observava, perplexo, aquela cena relâmpago. Não que ele fosse desinteressante. As mulheres até o achavam atraente, mas a falta de prática numa simples paquera, devido ao longo tempo de relacionamento com Mônica, o deixou sem time pra essas investidas.

Na verdade, se não fosse por Clarice (a "parente" que conversava com Glauber), aquela relação teria acabado na mesma noite, porém, ela resolveu investir na árdua tarefa de extrair daquele poço de timidez e insegurança, alguma coisa boa, um “relacionamento", talvez.

No outro dia ela ligou e marcou um jantar em um restaurante japonês, pensando que estimularia o cara a, pelo menos, “comer com os pauzinhos”...

continua...

3.8.06

Aonde se quer chegar? - final

A viagem de ônibus duraria cerca de oito horas. De avião só levaria uma, por isso, durante o embarque fiquei um pouco tenso, imaginando o que aquele número queria dizer. Nessas horas pensamos logo no pior: será que vai cair? Tem alguém da Al Qaeda aqui? O modelo do avião é o Folker-100? Não! É melhor ficar calmo e mentalizar que tudo dará certo!

Minha poltrona era a 28, logo, de acordo com a regra, o número um ainda me perseguia, mas a surpresa maior foi quando descobri a minha parceira de fileira, não que a proporção de mulheres em relação aos homens entre os passageiros fosse desfavorável, muito pelo contrário, mas sentou-se do meu lado a mulher mais charmosa que eu já vira em toda a minha simplória existência. Levei alguns segundos para “arrumar a casa” no cérebro, e conseguir, finalmente, dizer: boa tarde? (quase um tartamudo autêntico)

Ela respondeu com um sorriso, lindo por sinal, bem ao estilo Carmem San Diego das estórias de detetive, e pediu para que eu a ajudasse a colocar a bagagem de mão no porta-malas. Ajudei-a e Prontamente me apresentei, ela também me disse o seu nome: Rayanne.

Sempre tive uma inexplicada predileção pelos de difícil escrita, bastava soar estranho, ou ter impronunciáveis conjunções grafológicas, ou qualquer outro apetrecho “espetaculoso”, e já era um passo rumo à paixão... nesse caso, se seu nome fosse um simples Carla, já seria suficiente, ante a estonteante beleza da referia moça.

Estávamos prontos para decolar e a conversa se desenrolava muito melhor do que eu poderia imaginar. Custei um pouco a acreditar, mas aquela linda mulher estava se deixando envolver pela minha conversa fácil e boba. Com seu ar compenetrado, fingia se interessar pelo meu trabalho e pelas minhas “manias”, além de me contar tudo sobre ela. Diria mesmo que estava pintando um clima favorável, e quando nos demos conta havíamos chegado.

Coincidentemente, iríamos nos hospedar no mesmo hotel em Sergipe, sugeri que fôssemos no mesmo táxi, ela aceitou. Não a deixei “rachar” a conta comigo, claro, afinal, minhas intenções não eram lá das mais inocentes. Chegamos, e marcamos encontro para um drink no saguão do hotel.

Conversa vai e vem, e lá “pras tantas”, resolvi contar-lhe sobre o “caminho numerológico” que eu percorrera até ali, e de como o número mexeu comigo e com minha imaginação. A certa altura da minha revelação. Notei que seu rosto empalidecera ligeiramente, como se eu dissesse algo realmente impressionante. Ela começou a perguntar mais e mais sobre esse lance de números, e se eu achava isso realmente um indicador de rumo a tomar na vida, acho que devido a minha situação de recém-separado e diante da primeira vontade de me envolver de verdade com alguém, não pensei duas vezes, respondi que não tinha nenhuma dúvida de que aquele encontro aconteceria a todo custo, e que achava que dessa vez iria dar certo (sempre achamos isso). Foi então que veio a surpresa maior. Ela levanta, coloca a chave do seu quarto em minha mão e sai apressada em direção ao elevador. Confesso que fiquei meio atônito nessa hora, sem entender muito bem o que acontecera, até que olhei para a chave: quarto 1405.