4.11.05

Antes das cenas - begins

Chegou com uma amiga, na verdade uma grande amiga que, além de segurar várias barras dela, e vice-versa, ainda era sócia na agência de comunicação que fundaram a custa de talento e coragem. Tudo isso só descobriu depois. Inclusive, compreendeu que algumas amizades verdadeiras são tão fortes, que, nem o amor ou o ódio podem fragmentá-las. Eram bonitas, jornalistas, por certo, inteligentes.

Não a conhecia, porém um amigo em comum que estava no bar a apresentou, agradeceu boa parte da sua existência a esse benfeitor. A turma era de comunicação: designers, jornalistas, produtores, videomakers, etc, do tipo “meio intelectual, meio de esquerda”, nunca antes havia experimentado aquela sensação de união entre amigos em um boteco, eles se gostavam mesmo, se cuidavam, sentiu dificuldade em ser aceito como integrante, parecia que faziam parte de uma confraria de velhos amigos de infância, sua sorte, naquela noite, foi conhecer aquela morena, quase índia, de cabelos longos e negros, com quem passou boa parte da noite conversando. Ela também gostou dele, de cara. Não diria que fora amor à primeira vista, mas o potencial para ser o maior amor de que se tem notícia estava estampado em seus rostos.

Mal sabiam que a partir daquele encontro, suas vidas dariam cambalhotas em torno dos seus eixos. Não dava para prever, apenas sentiram uma calma mútua, um sentimento de paz que suplantava o que estava fora do raio de ação dos seus sentidos, principalmente o olfato, que rebuscava na memória aquele cheiro incomum que exalava de suas bocas, imaginavam se o gosto pudesse ser igual. Ele apavorou-se por perceber que as horas passaram e que teria que deixá-la, o que de fato ocorreu.

No outro dia, o destino – sempre ele – preparou um daqueles sustos que costuma pregar... encontraram-se na festa da Caderno1, assessoria de um jornal da cidade. Gente bonita, chope à vontade, e muito, muito samba, que provocou a formação de rodas de dança no salão daquela casa antiga na rua do Bom Jesus, ponto turístico do Bairro do Recife, ela parecia deslizar no ar com tamanha leveza, que o hipnotizava, olharam-se, trocaram sorrisos e, numa das idas e vindas ao bar para reabastecer, ele segurou sua cintura e se ofereceu para pegar a “rodada”. Conversaram mais e, novamente, as horas avançaram e se despediram com olhar de quem quer ficar.

Só voltariam a se encontrar para começar a mais louca, conturbada, apavorante e deliciosa história de amor que se tem notícia...

P.S.: Amores são assim mesmo, displicentes e mágicos.

2 comentários:

Laura_Diz disse...

Amores, ai amores... volte lá e leia o que escrevi hoje, diga se gosta. gostei do teu jeito franco de escrever e ser, provavelmente.
Quer tanta coisa... eu tbm. será que conseguiremos ou isto tudo é só uma ilusão?
abs, laura

Lia Noronha disse...

Aida bem que os amores não são previsíveis e sem magias!
Adorei td por aqui...vc elabora muito bem suas idéias!
Boa terça-feira e beijos bem carinhosos.