30.11.05

Analisar poesia é descrer no amor

Acabo de ler uma análise sobre uma poesia de Drummond... não costumo fazer isso, e agora tentarei não mais fazê-lo. Não acreditei que eram acadêmicos a deferir tais observações, pareciam estar resolvendo uma equação bi-quadrática exponencial à derivada reversa, tais eram as minúcias que decifravam nas linhas do poeta, que, ao meu ver, só queria dizer, naquele instante, que seu coração assumira o controle cerebral e soprara palavras doces, diria até desleixadas, porém puras e sinceras.

Outro dia um amigo que é um estudioso da cultura popular, principalmente da literatura de cordel, disse-me que escrevi um “causo”, na verdade uma peleja, em sextilha, que é uma das formas de classificação dos cordéis. Eu lhe disse que nunca havia lido sobre isso e que se escrevi assim, foi pura sorte! Obviamente não estou comparando minha peleja amadora com nenhuma poesia de Drummond, nem de ninguém, mas, se eu com meu ínfimo conhecimento sobre “escrituras”, consegui relatar algo que chamou a atenção de um estudioso, imagine o que esses caras que nascem com o dom não conseguem?

Prefiro continuar acreditando que os poetas e “escribas” em geral, deixam fluir do amor (a pessoas, lugares ou ao trabalho e etc.) seus textos, e que as métricas encontradas pelos “especialistas”, são meras coincidências, criadas pela forma carinhosa com que escreveram.

P.S.: o que importa não é a análise, e sim a reação que elas causam, especialmente em quem as lê, e identifica passagens de sua vida, ou até a vida inteira..

Nenhum comentário: