Eu vi a raiva estampada nos olhos do dono da empresa, quando soube que sua funcionária estava grávida. Era como se tivesse perdido muito dinheiro investindo em ações que caíram vertiginosamente, como se a gravidez fosse premeditada, com o único objetivo de “roubar” sua fortuna, usufruindo a licença maternidade durante quatro meses. – “Quatro meses só mamando”, – bradava. Parecia que pouco importavam a competência e os anos de dedicação ao trabalho que tanto elogiava outrora, principalmente quando suas ações geravam lucro.
Ponto crucial do fato acima, o lucro é o fator que move as empresas em uma sociedade capitalista, e mudar a concepção de toda uma sociedade não é tarefa fácil e não depende de vontades individuais, é claro! O que contesto são determinados gestores, que foram absorvidos pelo raciocínio monetário, onde as reações humanas frente a fatos delicados, são usurpadas e substituídas por ganância e poder.
Só para citar um exemplo da negatividade da cena, imagine a carga que esta criança começa a carregar, antes mesmo de nascer, apesar de ter sido uma gravidez desejada pelos pais, presumo ter sido esta sua primeira rejeição, e logo pelo pior motivo que existe para tal repúdio: o econômico. Será que não passou pela cabeça do chefe, que aquele devia ser um momento de alegria intensa, um acontecimento mágico, a criação de uma vida. Dessas mesmas vidas que garantem a perpetuação da espécie humana... “ops!” Acaba de me ocorrer um insight! O cara não deve ser humano... basta conversar com ele por cinco minutos para perceber sua personalidade racista e preconceituosa. Senti uma verdade absurda nas piadas que contou sobre negros e mulheres, como se os castigos aplicados o fizessem chegar a um estado qualquer de êxtase... como esperar reações humanas de quem coloca o dinheiro à frente da razão?
Tenho certeza que ele a demitirá assim que regressar da sua licença, como se ficar grávida fosse a maior das insubordinações. Em contrapartida, também sei que ela encontrará um emprego bem melhor, com gente bem melhor por perto e que criará seu filho com toda competência que lhe é peculiar.
E, quanto a mim, diante das injustiças demonstradas, só tenho três palavras para dizer ao chefe:
– Eu me demito!
Um comentário:
Tenho uma amiga que sofreu isso aqui na empresa e assim que voltou da licença, eles esperaram 1 mês e a demitiram... É, esse é o nosso mundo!!! Bjokas!
Postar um comentário