24.9.07

Limpeza íntima


Raquel e Sandro já estavam casados há 12 anos e a rotina e a intimidade já haviam diminuído em muito a tesão do casal. Geralmente acontece isso... anos e anos de intimidade estragam a relação tórrida do início de “namoro”.

Mas aquele dia era especial. Algo no ar deixava transparecer uma libido antes escondida profundamente sob a tensão do dia-a-dia daqueles dois. Já fazia algum tempo, talvez semanas, não sabemos ao certo, que eles não faziam sexo. O casamento de Lucinda e Hermes era a oportunidade perfeita para reativar seus apetites sexuais.

As crianças foram levadas para dormir na casa dos avós. Aquele vestido alugado de Raquel a deixou com uma silhueta divina, escultural mesmo. O mesmo velho terno preto surrado de todos os casamentos e ocasiões especiais que Sandro usava, recém saído da tinturaria, parecia novo. As taças de vinho e a dança lenta quase que os fizeram abandonar a recepção antes dos cumprimentos dos noivos e correrem para casa ou para um motel... o que fosse mais próximo!

Contiveram-se, a muito custo, aguentaram firme e ficaram no baile até três da manhã! A saída foi de fininho, mas com malícia. Pareciam dois adolescentes brincando de pega-pega no meio da casa de recepções. A madrugada prometia, ou melhor, o tempo não importaria... não iriam dormir, afinal, o atraso era muito para ser tirado em poucas horas.

Ao entrar no carro algo muito estranho aconteceu. Não se sabe se o estereótipo do pseudo poder masculino ao volante influenciou o comportamento de Sandro. A verdade é que todo o desejo e a vontade de Raquel se desfez quando, instintivamente seu marido começou a mexer no nariz, limpar o salão, lubrificar as falanges, tirar catota, durante todo o trajeto para casa!!! Aquilo esfriou o desejo de Raquel. A fez lembrar dos vícios e manias do esposo.

Em uma frase: banho de água fria nos planos quentes da matina. Chegaram em casa, brigaram, como de costume, e foram dormir... em quartos separados.

P.S.: cuidem para que a intimidade não intimide esse lado carnal da relação!

7.9.07

Homem Pereba

Em algum lugar na periferia do Recife, surgiu entre as décadas de 60 e 70 uma força sem precedentes no combate ao mal. Vindo de uma família classe média baixa normal, Perebinha cresceu como qualquer outra criança de mesma idade, até que foi exposto à cheia de 75.

Algo naquelas águas que, segundo algumas fontes, transbordaram da barragem de Tapacurá e invadiram toda a região metropolitana da capital pernambucana, afetou o nosso protagonista quando, acidentalmente, ele escorregou dos braços de seu pai que tentava mantê-lo fora d’água. Perebinha foi completamente submerso naquela enxurrada de misturas líquidas. Seria um acidente como outro qualquer, se justamente aquela mancha de um líquido secreto, guardado nos laboratórios da fábrica de balas Bem-te-vi, não tivesse atingido um pequeno ferimento da sua perna direita, causando de imediato uma mudança na sua estrutura corpórea.

Perebinha tornou-se uma criança hábil, ágil, veloz e perceptiva, e usava seus poderes para o bem. Salvava seus coleguinhas da terceira série do ataque dos moleques do ginasial (hoje, ensino médio), devolvendo o dinheiro do lanche que os pequenos meliantes roubavam dos menores.

Na adolescência, Pereba (como era conhecido) disfarçava seus superpoderes. Durante o dia era um rapaz normal, mas à noite ele saía em busca do mal para neutraliza-lo. Auto-intitulava-se: Homem Pereba. E foi neste contexto que conseguiu prender ou aniquilar alguns dos inimigos da sociedade àquela época, tais como: Biu do Olho Verde, A Mulher do Algodão e Cumadre Fulôzinha, entre outros.

Mas o destino reservava uma outra estrada para o Homem Pereba... o amor!

Prestes a se formar na faculdade de Física (a ciência), conheceu uma moça do Ceará, de Juazeiro do Norte, Clarinha Bastiana, menina formosa que disfarçava a cabeça chata com um penteado tipo princesa Léia, e que era dona de um sorriso insuperável e uma voz inconfundível. Casou-se com Pereba e o arrastou para o litoral cearense...

Atualmente, o Sr. Pereba trabalha com física quântica na Universidade Federal do Ceará e concentra a utilização de seus poderes na busca por novas tecnologias para o bem da humanidade. Mas nesta quinta-feira, sua caixa postal continha um e-mail que mudaria completamente seu destino novamente:

From: Sala da Mundiça (s.mundi@hotdog.com)
To: Sr. Pereba (pereba@unifisica.org.br)

Subject: Precisamos de sua ajuda

O cientista pernambucano e pervertido Sarou Morreu, associou-se ao Homem-Que-Tudo-Vê, e está ameaçando a paz mundial com um plano de construção de uma arma de destruição em massa.

Precisamos que vc nos ajude a encontrá-los e prendê-los o mais breve possível.

Atenciosamente,
Sala da Mundiça.

P.S.: O Homem Pereba atenderá o chamado da Sala da Mundiça? Aguardem o próximo episódio: Homem Pereba contra Sarou Morreu.