O dia era quinta-feira e, naturalmente, haveria trabalho na sexta, porém, só agora isso lhe ocorre, de tão importante que seria a viagem dali a poucas horas. Nunca estivera em Tamandaré antes, sabia apenas que era para o lado sul, partiu como ave migratória que usa a bússola instintiva. Até sair das cidades que circundam a capital fora uma viagem tranqüila. Havia certeza no caminho e nas decisões tomadas há pouco, mesmo porque, há muito tempo tal atitude tivera sido prometida e agora, ratificada.
Não é sempre que se deixa coisas amadas para trás, sabia disto, não se imaginava sem suas presenças. Ao chegar à entrada de Ipojuca, onde se desdobram os caminhos para Gaibu e Porto de Galinhas, atingira o ponto mais distante da sua casa, até então alcançado. Dali em diante só contava com a sorte para bater seu novo e único objetivo, o amor.
A primeira providência divina fora tomada. Só sabia que seu destino era uma casa, e que esta ficava perto do hospital local, e mais nada. Providencialmente, como tudo que conspira em prol do amor, ouviu uma sirene e olhou no retrovisor, diminuiu a velocidade, a deixou passar, o que possibilitou a leitura das inscrições em sua lateral: - “Prefeitura Municipal de Tamandaré” -. A certeza de que estava fazendo a coisa certa cresceu, e seguiu a ambulância até chegar ao Hospital.
Agora só lhe restava fazer a surpresa que planejara com zêlo e carinho, estacionou na frente da guarita de segurança e ligou para a sua amada, uma, duas, dez vezes e... nada. Começava a se desesperar quando ouviu música, na verdade era aquele ritmo “bate-estaca” que o vento trazia da praia, estava acontecendo um festival e, supôs, que todos deviam estar lá, talvez por a música estar muito alta, ela não tenha ouvido o telefone tocar, pensou.
A providência “atacou” novamente, mal chegara na praia e já avistara seu grande amor em uma sorveteria modesta à beira mar. Ficou no meio da rua a olhando por alguns minutos, a acompanhavam três amigas, que disseram-lhe: - “aquele cara tá te olhando” -. Não estava de lentes, nem de óculos, mas, ao levantar a visão entrou em choque, sabia quem era, sabia da promessa que fez ao deixá-la ir, e começou a acreditar que suas vidas iriam se unir na harmonia que mereciam, correu, abraçou-o com as forças que ainda lhe restavam, beijou-o, com a mesma entrega que o havia beijado todas as vezes. Ali estavam certos de que nasceram um para o outro, como se fossem um só ser...
Continua.
2 comentários:
Gostaria de saber mais sobre você...
O melhor de conhecer o seu blog foi ler nas suas "cenas de um sonho", nome de lugares tão conhecidos e amados por mim: Garanhuns, Tamandaré...
Deu saudade.
Obrigada pela visita.
Menino...teu depoimento me deixou tão emocionada. Eu pensei que meus escritos não estavam claros, mas depois do que tu escreveste vejo eles são límpidos e cintilam não apenas em mim, mas em pessoas que passam por situações semelhantes. Deixo um abraço!
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