7.12.05

Estudo anárquico das metodologias poéticas

Fiz uma coisa terrível! Reescrevi um soneto meu, compondo-o com a métrica que nos é proposta pelos “auditores” literários. Utilizei rimas emparelhadas, que se demonstram pelas seguintes seqüências rimáticas: ABAB (que mais parecem um gabarito de vestibular, ou uma cadeia de DNA). Alterei também a composição dos seus catorze versos, que na nova versão estão em três quartetos e um dístico, no lugar dos dois quartetos e dois tercetos do original.

No tocante ao conteúdo, sou suspeito para dizer qual me agrada mais, ou até se algum agrada, porém continuo achando que o motivo é mais importante que a métrica, ou até mesmo que a rima. Como o próprio nome já diz: mova-se com seus motivos e encontre-se!

O título dos dois é um só: Desapego ciclonal


1- Soneto sem regras


De um leve toque no frio da noite
Vê-se o açoite que a mão produz
Desapegado das dores e dos andores
De sombras que se transformam em luz

No puro gosto pelo deleite
Afronta o seu tombo súbito
E a noite que fora tão eminente
Floresce em raios nítidos

Se sou mais carne que sentimento
Não falo. Sou quase mudo
Não vivo, quase vegeto

Se sou sentido em meu tormento
Me solto, sou livre ao vento
Me castro, se ao relento


2- Soneto métrico contido

De um leve toque no frio da noite, fez-se brisa
Soprando pra bem longe as dores da mão de ferro
Despeço-me das dores, andores, da pele lisa
E de tantas sombras que me fizeram soltar meu berro

Se do deleite não mais suportava a ausência
Discordo da queda que a meu ego impões
Nas noites de pura e simples descomplacência
Acrescentas a luz aos desejos de que dispões

Te jogo contra minha carne, meus sentimentos
Na ausência do teu falar, que dizes que provoco
Ainda quero sim, te passar os meus tormentos
Pra não ser o único ser a viver nesse sufoco

Pra me soltar da brisa e aproveitar inteiro o vento
Me castro das proteções do ego e vivo ao relento


Hoje em dia, já há “doutores” literários que aceitam as diversificações dos versos e de suas contagens, como que se a força que os move fosse, e acho que o é, maior que as minúcias das contagens tonais.

P.S.: talvez a essência tenha desvirtuado, mas a alma, em si, continua querendo encontrar o caminho que me ensinaste...

2 comentários:

Laura_Diz disse...

Eu não entendo nadinha de métrica, gosto de ritmo, não sei contar, já aprendi na faculdade de Letras, fiz um semestre, eu acho, ou dois, esqueci. Gostei do que li, não sei dizer porque nem qual o melhor. bj laura

Mack disse...

A essência está aí, a alma também, o caminho, continuarei seguindo contigo. Beijos.