4.10.10

Mudei

Após uma longa temporada morando em em 3 edifícios diferentes, mudei há uns dois meses para uma casa. Este mote: casa & construção, será tema de crônicas futuras, porém gostaria de aqui, deixar registrado o processo de adaptação a um novo estilo de moradia, plana, ao nível do mar, com garagem… uma casa!


No último prédio, em quase cinco anos, eu não sabia o que eram “vizinhos”. Além do síndico, seu Odilon, que eu a principio julgara um aposentado, e logo depois confirmara a suspeita, e era o único morador que até então dispensara alguma prosa. Cinco anos eu um prédio de 40 apartamentos e não ouvia a voz de quase ninguém, a não ser a daquela simpática moradora que vez por outra interfonava dizendo: “olá seu Alberto, desculpe acordá-lo mas é que eu bati no seu carro de novo, hi hi hi.”. Sem problemas, ela sempre pagou o conserto do parachoque.


Na nova casa, com mais que o dobro do tamanho do apertamento anterior, tenho agora espaço para guardar a minha bicicleta, que não precisa mais ficar entacionada à frente da geladeira. Não que seja um mau lugar, mas é que a porta do eletrodoméstico tava parecendo de carro que estaciona em shopping, cheia de morsas, já tinha até cogitado de levá-la a um martelinho de ouro aqui perto.


Fora o empréstimo, que ainda perdurará por seis anos, e a construção, que me envelheceu outros oito e emagreceu 10 quilos, a casa ficou ótima. Quase que em sua totalidade espaçosa, exceto pela garagem, que neste caso, creio o problema ser o tamanho excessivo do meu carro, mas já estou procurando algo menor. Temos quartos pra todos e ainda sobrou um espaço para um misto de estúdio e escritório onde faço minhas músicas e meus freela’s.


Os costumes de uma casa são diferentes dos de um apartamento. O oitão (antigo isso, né?), um corredor externo que liga o quintal nos fundos à garagem na frente, tem uma peculiaridade interessante: geração espontânea! Há duas semanas que brotam lá talheres das mais diversas marcas e cores. Nenhum iguais aos meus. Hoje de manhã encontrei uma faca verde limão e uma colher bege. Estou guardando tudo, quando completar um faqueiro eu verei o que faço.


Outra curiosidade é que a janela do meu quarto no primeiro andar dá pra o quintal do vizinho, um senhor aposentado que vive arando a terra pra platar sua horta. O ritual se repete todo dia, inclusive nos finais de semana, até as oito, quando baixa um sapateiro no véio e ele começa a consertar sapatos, caçarolas (também é antigo, hein?) e tudo que aparecer quebrado na casa dele e no resto do bairro, nunca falta serviço. Ganhei um despertador infalível com um barulho infernal.


Acho que tenho que trabalhar mais, muito mais, pra quando eu me aposentar ir morar em algum vigésimo andar por aí… sem vizinhos.


P.S.: Nunca mais construo nada.

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