1.6.09

Sinuca de bico


Edson e Gabriela namoraram oito anos em total harmonia até que o dia do casamento chegou. Lua de mel em Salvador com todos os “acarajés” a que tinham direito, afinal, eram considerados por todos um casal perfeito.

Desde o primeiro dos 10 dias programados para a viagem, “Sonzinho”, como sua agora esposa o tratava, pedia para jogarem sinuca juntos... “Bizinha”, como ele a tratava, sempre negava-se, alegando que tinham um milhão de coisas a fazer naquela terra massa e não poderiam perder tempo em um jogo que ela não sabia nem jogar...


Os passeios seguiam pelo Pelourinho, Itapoã, Morro de São Paulo, Itaparica, sempre com a insistência de Edson: e aí amor? Vamos uma partidinha hoje? A insistência foi tanta e tantos foram os gostos que Gabi teve realizados que no último dia resolveu jogar a tão solicitada partida.

Bolas postas, resolveram jogar no estilo profissional com “bola da vez” e tudo.


Ganha sete, volta bola, barbariza Edson em tacadas firmes, aprimoradas na faculdade. Perde sete, suicida, “espirra” taco no mal traçado jogo de Gabi, mas ela não se importava com o vexame, só queria acabar logo a partida e correr pro aeroporto pra voltar ao Recife. De repente e sem querer, Gabi põe Edson em uma “sinuca de bico”! Daquelas jogadas em que Rui Chapéu tiraria o próprio para quem escapasse e acertasse a bola seis, cercada por muitas, onde só havia um caminho estreito entre sete ou oito bolas e duas tabelas para concretizar o lance.

Giz no taco, suor nas mão, toalhinha, testa franzida, concentração, eram a preparação para tacada... perfeição! Parecia que a bola estava sendo conduzida por alguma Força Jedi. Acertou a bola seis que caiu na caçapa do canto e, de quebra, derrubou a 15 terminando precocemente a jogatina.

Malas prontas, viagem tranquila, pensamento no novo lar.

Os problemas iniciaram quando Edson começou, exaustivamente, a relembrar a sua tacada mágica. Contava todos os detalhes a todos que encontrava, do motorista do táxi à aeromoça, do tio Pepe ao porteiro do prédio, a todos os amigos e família, sempre pedindo confirmação a Gabriela: e aquela bola seis, hein “bizinha”?

No terceiro mês, Gabi pediu o divórcio!


P.S.: Edson voltou a jogar e a beber no bar em frente à faculdade, mas continua a falar daquela bola seis.


Um comentário:

Anônimo disse...

Mas aquela bola seis...
heheheeh
Primorosa, amor, primorosa!