25.6.07

Magia do fogo

Chegamos uma hora antes de começar. A noite não estava límpida como a passada, mas não havia chuva, e sim uma pequena garoa, comum no Sertão nessa época do ano, que nem conseguia molhar o cabelo.

Do outro lado do vale, na direção que, provavelmente, é o mar, o acúmulo de nuvens já poderia ser visto, caso alguém estivesse no alto da montanha. Todos estavam aqui em baixo, esperando os tambores, esperando a viola, aguardando a magia.

O cenário parecia a TRANSFIGURAÇÂO de uma película 35 mm, adaptada à nossa frente. O azul era dominante e as luzes não se voltavam exclusivamente para os donos da festa. Ora, ora, as pessoas aqui em baixo também fazem parte do espetáculo, por isso os holofotes, por isso a ascensão do povo, por isso a igualdade!

Uma borboleta azul, estirada como uma bandeira de uma nação regida por um sentimento patriótico incomum, pairava acima das cabeças “cantantes” da noite. Astronautas toscos, mumificados e transparentes com olhos de fogo faziam a guarda do lepidóptero cor de céu. Desafiavam a gravidade e se misturavam com o fundo negro do cenário, só se mostrando quando as luzes os convocavam. O fogo da mão do homem parecia domesticado! Não era ilusão! Ele queimaria quem não estivesse em sintonia com os elementos da Terra.

A essa altura você poderia pensar que eu estava completamente bêbado, ou coisa pior... mas não! Havia tomado apenas uma dose de uísque para espantar o frio, que se tornara dispensável, ante o calor das alfaias e dos saltos soltos dos co-astros da noite (ou o público).

Até então a garoa havia aumentado um pouco de intensidade, mas chuva mesmo, ainda não! Até que os tambores de “chover” começaram a rufar, “bombo trovejou a chuva choveu”, como diria o protagonista desse show.

O caldo entornou, o boi atolou, a lama nasceu, a ema gemeu... choveu!

Choveu muito, bem na hora do refrão. Ninguém arredou o pé da frente do palco. Era como se a chuva abençoasse os fãs de Lirinha com algum consentimento superior. Era o Quarto show do Cordel do Fogo Encantado que eu via, e nos quatro CHOVEU!

P.S.: espero, com a permissão do Senhor, voltar a Arcoverde no próximo São João!

Um comentário:

Anônimo disse...

E eu espero, com a permissão do Senhor, estar mais uma vez ao seu lado, me encantando com a magia do fogo, sentindo a magia da chuva.

B.B.