14.3.07

Divagações sobre um futuro não tão distante


Quando eu tinha uns 15 anos, não sabia bem o que queria da vida. Era um garoto considerado “normal”, que jogava basquete de manhã, estudava à tarde e me reunia com os outros “do mermo top” na praça à noite. Na conversa, nada de excepcional:

– A irmã de Neto tá ficando é boa.
– Eu ainda boto uma bomba no escape da moto do profº Lafayete.
– Sábado à tarde vai ter final de BMX lá em Jardim Atlântico e à noite, danceteria!

Só conversávamos mesmo com as meninas na tal danceteria. A conversa era “tabacuda”, mas era a maneira de gerar aproximação quando chegava a hora da música lenta, e rara era a vez que não “descolávamos” um sarrinho no muro do clube. Isso era o máximo que acontecia nesses encontros semanais, mas à época servia pra contar vantagem no colégio.

Lembro que um dia agarrei uma mais velha (devia ter quase 17), que mordeu meu mamilo. Na hora estranhei. Geralmente quem fazia isso era eu, e não com aquela força! Mas na semana seguinte já tava até acostumado.

O processo de evolução (amadurecimento) era lento e gradual. Claro que de vez em quando aparecia um colega dizendo como foi sua primeira vez, ou que havia cheirado loló no acampamento, ou ainda que dirigiu o carro do pai na praia. Era a notícia da semana na hora do recreio. Todos comentavam e apontavam para o “herói”, e todos nós tivemos alguma fama repentina e notória naquele tempo.

Continuo achando que os jovens de 15 anos de hoje ainda estão perdidos, como estávamos há 20 anos. A diferença é que agora o contato corporal a que éramos “expostos” diminuiu muito com o advento da internet, a massificação do telefone, etc. Por outro lado, os jornais demonstram que eles se tornaram mais sucetíveis ao sexo e ao assédio de gente inescrupulosa. Desse contexto sugem blogs e comunidades que antecipam e difundem (nem sempre com verdade) os feitos ou costumes dos grupos de amigos, que já ultrapassam os milhares (basta ver o círculo de amizade de um adolescente padrão através do Orkut e/ou MSN).

Já tem até comunidade de raves que indicam os points de compra de droga. Fóruns de relacionamento para discutir sobre aborto na adolescência, etc.

Imagino agora, como será a relação de amizade entre as crianças que já nasceram sob este panorama? Como meninos de 0 a 8 anos de idade estarão daqui a 15 anos? Quais serão seus níveis de contato com outros “seres” ? Como avaliar a nossa atuação para que o mundo seja um “Sistema Perfeito” ?

P.S.: espero contribuir para a melhoria do nosso quadro-social. Tenho interesse egoísta nisso: meus filhos.

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