16.10.05

SIM ou NÃO?

Já notaram que a propaganda pelo SIM ou pelo NÃO, na questão do desarmamento, está um retrato fiel da competição publicitária entre os muitos presidenciáveis que já tivemos.

De um lado, aquela campanha em que as razões são demonstradas em depoimentos de familiares das vitimas da violência deflagrada por arma de fogo, e do outro a velha retórica conservadora que conjuga ataques concentrados em desacreditar o adversário. Ora, será que eles não aprendem? O motivo da propaganda gratuita, assim como a política eleitoral, é esclarecer o cidadão, demonstrar-lhe os atributos da pessoa em questão, ou a defesa dos seus argumentos, porém, o que se vê, em um dos lados desse novo embate, é a ultrapassada falta de respeito pela inteligência do eleitor.

Na campanha pelo SIM, vemos artistas como Chico Buarque, que por si só, já seria um bom motivo para o nosso voto em favor da causa por ele defendida, além da eloqüente lógica que condena a arma de fogo porque ela foi "feita para matar". Já a campanha do NÃO, conta com ilustres desconhecidos e reconhecidos mercenários em sua defesa, mercenários sim, porque o interesse maior, escuso das telas, é o financeiro, e pouco importa para os grandes detentores das ações das fábricas de armas e munição, se uma criança de 12 anos acaba com a sua vida ou com a vida do seu irmão de 14 com a arma que estava em poder do seu pai, ou se esse mesmo leva a dita "tiradora de vidas" para a escola e deflagra três tiros em seu coleguinha de classe porque ele não devolveu aquela borracha do HotWeels ou porque roubou a sua namorada.

Creio que, mesmo com a eliminação da venda de armas, a violência por elas criada não seja, de pronto, eliminada. Talvez não alcancemos o dia em que os números de mortes por bala se reduzirão, ou mesmo se aniquilarão, porém em algum tempo é necessário uma quebra da seqüência trágica que se assiste em tevês e se lê em jornais de massa, e o ponto inicial dessa quebra pode ser dado por nós. Se vamos usufruir dessa paz? Não sei, talvez não, mas nossos filhos, ou os filhos deles também não irão, se não levantarmos a voz agora.

Arma de fogo é um ato de covardia. É um combate sem chance para quem está desarmado, porém, se um plano ideal de ausência de armas for impetrado agora, o governo, qualquer que seja o próximo, terá obrigação de eliminar também as armas dos bandidos. Assim, como primeiro passo, ajudaremos na construção de uma sociedade de paz.

Se o referido referendo não aprovar o desarmamento, que é uma possibilidade, faremos isso nós mesmos, em nossa casa, em nossa rua, nossa cidade. A paz deve ser trilhada dentro do que somos, e depois para a nossa volta.

P.S.: a amizade é mais importante que as opiniões contrárias.

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