6.10.05

Prisão ao avesso

Traços de cheiro revelam-se em camadas
Que os braços perseguem, em quartos, em salas,
De longe ou na pele, no frio ou na lava,
O som que se segue de ti se propaga.

Palavras tão raras em outras senzalas,
Na nossa são ditas constantes, sem freio.
Do gosto que as frutas jamais alcançaram
Que quase sem língua as sinto, já creio.

Nas horas em que, tal como crianças,
Queremos o colo, o peito, o recreio,
Vivemos momentos, mantemos a calma,
Exceto no instante que acaba o passeio.

Nenhum comentário: