11.10.05

O não sonhar é pior

Estranho não é acordar no meio da noite suando, como se acabasse de completar uma maratona – apesar do climatizador, nem é levantar assustado e com dor de cabeça, daquelas de rachar o “pino” que liga os hemisférios da caixola, como se toneladas de areia e brita se derramassem sobre ela. Esquisitos mesmo são os sonhos que, vez por outra eu tenho, e que de tão reais, preciso de minutos para que recoloque a realidade no seu devido lugar.

Outro dia inventei um suicídio na ponte Maurício de Nassau, perto do Marco Zero. Bom, em sonho pode tudo, não é? No final da ponte havia uma altura relativamente grande para a água poluída do Capibaribe, e na sua base uma porta que dava para um navio, ancorado na rua ao lado, aquela mesma que vai dar no Paço Alfândega. Até aí tudo bem, apesar da completa falta de talento para suicida que eu tenho, creio. Joguei-me! A queda foi uma daquelas em que a gravidade é desafiada e que a trajetória conflita com as regras mais básicas da física. Enfim, cheguei ao leito do rio, molhado é claro, nu, estranhamente com um celular na cintura. Não me perguntem como pendurei um celular na cintura estando nu... lembram que em sonho pode tudo?

Após ter sobrevivido à queda, e ainda mais, ter saído da água sem nenhuma intoxicação fulminante, como se meu corpo possuísse todos os anticorpos daquelas crianças que saltam felizes no canal da Agamenon. O aparelho tocou, ainda bem que não vibrou! Medo de choque... sei lá! Alguém me chamara para entrar no navio por uma portinhola que se abrira no lado do paredão à margem do rio. Era a única pessoa que eu conhecia no navio, a única com cabelos grandes, nem loiros, nem morenos, numa cor entre âmbar e ocre.

Todos no navio também estavam nus, porém, a conotação sexual não existia ali. Ninguém se importava com a nudez alheia, mas todos reparavam nos celulares dos que estavam a bordo, pendurados na cintura, sem amarras e sem clipes, ainda bem. De repente, a pessoa que eu conhecia chamou-me para atravessar o salão, no qual uma banda atacava de Beatles, ou seriam os caras de Liverpool mesmo? A segui até uma sala, no outro lado do convés. Notei que nas suas costas os cabelos eram mais longos ainda e que asas tentavam se esconder embaixo deles. Quando chegamos à tal sala ela se virou pra mim, e foi então que acordei, sem identificar a amiga e com a repentina taquicardia que descrevi no primeiro parágrafo.

P.S.: Alguém aí sabe interpretar sonhos?

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