18.10.05

Deixo-te ir

Deixo-te ir.
Não porque o amor acabou.
Deixo-te ir por te querer mais que a mim,
Por ser você e me sentir em ti.
Deixo em mim a resignação do fim,
Mesmo que os olhos te digam sim,
Mesmo que tua carne me deixe sedento,
E o pensamento vague sem rir,
E o meu sorriso custe a fluir,
E minha vida finde e afunde,
Em ruas toscas, rotas, ruins.

Deixo-te ir por amar demais a ti,
Por inflares minhalma em poesia,
Por saber que você a despertou,
Por arrancares a verdade de mim,
Por creres e me quereres tanto assim.

Deixando-te ir,
Terás paz enfim.
Serás feliz.
Eu, por castigo,
Sem teu cheiro vou viver,
Sem teu cítrico, teu ácido,
Sem teu corpo, provedor do meu abrigo,
Que em milhares de segundos
Confundia-se em um só ser.

Liberto-te nessa hora,
Em que a dor do não estar
Só emerge, só maltrata,
Compreendo teu sofrer,
Partilho dele em paralelo,
Também sofro, também choro,
Também morro pelo não ter.

Deixas aqui,
A certeza do amor maior,
Entre tantos que senti.
Deixas beijos e carinhos
Que não vão se repetir.
Deixo marcas em teu corpo
que o tempo vai extinguir,
em orelhas, cintura envolta em língua,
sem meu ombro pra chorar,
sem meu braço pra dormir...

Vais esquecer de mim,
Porque sabes se atirar,
Porque emana do teu ser
Esse dom em cativar.

Amo-te assim porque me cativaste,
E apesar de impensável,
Minha vida sem você,
Desejo-te a maior sorte,
Que encontres um outro ser,
Que o ame, e ele a ti,
Que te faça, rápido,
Nem sequer lembrar de mim.

Deixo-te ir,
O amor da minha vida,
Ideal, surrealista,
Imenso ainda a crescer,
Agradeço tua vinda,
Agradeço por amar você...

Obrigado.

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