2.10.05

Cissiparidade

Quando algo se divide, as pessoas tendem a demorar um pouco até o cérebro entender – não aceitar, apenas entender – o que aconteceu. Desde os tempos em que os primatas ancestrais “tocaram o monolito”, as discórdias e separações começaram a acontecer. Na verdade elas já aconteciam antes da transgressão táctil, mas a consciência só ali despertara...

Talvez por acomodação ou por alusão a um sonho que se cultiva e que é natural dos seres humanos, os relacionamentos sejam desprovidos do botão TILT, que serviria para desativar a continuidade da relação, facilitando a divisão proeminente. Assim, a cultura sentimentalista das sociedades atuais estaria mais próxima da praticidade mecânica e eletrônica dos sistemas computadorizados... tô viajando muito, desculpem.

Voltando à vida real: fissões acontecem o tempo todo nas relações, sejam elas profissionais, pessoais ou até transcendentais. A ponderação é que é subjetiva, e a teimosia dos envolvidos é o que define se o processo será amigável ou litigioso, ou até se não vai dar em nada. Geralmente há conflito de interesses nessas descontinuidades, e o envolvimento de terceiros acarreta mais confusão.

Divisões serão sempre amargas, seja quando casais se separam, quando clubes de futebol trocam seus treinadores ou seus atletas, quando o partido se degladia, quando largamos a mamadeira ou quando as férias acabam. Sempre estaremos à mercê da saudade e da vontade de estar com o que nos foi roubado, direcionamos as forças para um único caminho, naquele instante em que gritamos, mesmo sem falar: “estou contigo”. Quando o pensamento não é “uno”, o que resta?

P.S.: prometo que o próximo será um mote, levinho para não sufocar neurônios!

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