1.10.05

Agruras dos escribas

Talvez eu deva escrever mesmo, talvez deva botar em pixels tudo o que eu penso, não importando o que os outros pensem, nem se isso trará os mais diversos problemas...

Tal como um compositor que cria sem saber se sua música será aceita, sem se preocupar com as críticas que poderá vir a receber, sem se deixar influenciar por elas.

Talvez deva mesmo escrever, com a velha falta de métrica corriqueira. Não sou técnico nisso, talvez por isso tenha tanta compactação incrustada nos meus textos, tanta subjetividade nas entrelinhas que apenas algumas pessoas podem decifrar, talvez o sentido se feche muito rapidamente, às vezes até antes do final do primeiro parágrafo. Acho que sou apressado. Já disseram que, apesar do jeito leve, eu levo as palavras dos outros muito a sério, acredito nelas, acho que, se foram ditas em momentos impensados (de raiva ou de dor), teriam sido sinceras e, mesmo que desditas pós-martírio, enraízam-se.

Escrever talvez seja uma forma de perpetuação, uma maneira de deixar marcas no mundo. Só escrevo porque tenho marcas deixadas em mim. Só me reporto ao alfabeto quando os pensamentos encontram-se congestionados, quando o cerebelo e o hipotálamo brigam por espaço. Isso me desafoga um pouco, não muito, quase nada, mas ajuda...

Não consigo escrever por pedido ou pressão, talvez por isso seja conciso. Dizem que às vezes contundente, mas o sentido não é tal. Escrevo porque me vem como insight, como arrepios de campos elétricos, ou como cheiros e gostos de frutas, nunca como premeditação, nunca como ganância ou acordo obscuro. Escrevo por mim... por nós.

P.S.: acho que voltei.

Um comentário:

Luci disse...

escrever deve servir prum monte de coisas, mas pra mim a melhor delas talvez seja ordenar as idéias e os sentimentos.
depois vem a perpetuação ...
bjs!